As enchentes
As chuvaradas
de verão, quase todos os anos, causam no nosso Rio de Janeiro, inundações
desastrosas.
Além da
suspensão total do tráfego, com uma prejudicial interrupção das comunicações
entre os vários pontos da cidade, essas inundações causam desastres pessoais
lamentáveis, muitas perdas de haveres e destruição de imóveis.
De há muito
que a nossa engenharia municipal se devia ter compenetrado do dever de evitar
tais acidentes urbanos.
Uma arte
tão ousada e quase tão perfeita, como é a engenharia, não deve julgar
irresolvível tão simples problema.
O Rio de
Janeiro, da avenida, dos squares, dos freios elétricos, não pode estar à
mercê de chuvaradas, mais ou menos violentas, para viver a sua vida integral.
Como está acontecendo atualmente, ele é função da chuva. Uma vergonha!
Não sei nada
de engenharia, mas, pelo que me dizem os entendidos, o problema não é tão
difícil de resolver como parece fazerem constar os engenheiros municipais,
procrastinando a solução da questão.
O Prefeito
Passos, que tanto se interessou pelo embelezamento da cidade, descurou
completamente de solucionar esse defeito do nosso Rio.
Cidade
cercada de montanhas e entre montanhas, que recebe violentamente grandes
precipitações atmosféricas, o seu principal defeito a vencer era esse
acidente das inundações.
Infelizmente,
porém, nos preocupamos muito com os aspectos externos, com as fachadas, e não
com o que há de essencial nos problemas da nossa vida urbana, econômica,
financeira e social.
(Lima
Barreto)
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